#PraFalarVerdades

 A verdade mesmo? É que eu fui traída. Enganada. Escondida.  E eu tô muito perdida.  Meu castelo de areia se desfez e com ele uma série de sonhos que eu tinha pra mim e pra ele.  Desde o final de 2014 me guardando, me dedicando, me contendo, me controlando... e boom, veio à tona.  Não, ele não é um vilão, ele não é alguém ruim, é alguém assim tão perdido quanto eu, que me tira do sério mas que me faz muito feliz.  Alguém que me provoca, que me instiga e me força a crescer, mudar, evoluir, amadurecer.  Ainda dói, apesar de "resolvido".  Não há um só dia em que eu não lembre da dor, não há um só dia em que eu não me sinta passada para trás, trouxa, ingênua.  A verdade é que eu estou me questionando o porque deixei de viver tanto, de experimentar, de sentir... Foi porque eu me comprometi com ele, me comprometi comigo mesma, me comprometi com o sucesso desse relacionamento.  E meu comprometimento é tamanho que eu passei meses chorando baixinho, escondido, me lamentando até que me dei conta de que estava enlouquecendo. Eu caí na real.  Vi que a vida não é mar de rosas, que as pessoas são complexas apesar de encantadoras e quanto mais poder damos à alguém, mais impotente diante delas ficamos.  Me peguei fazendo planos e definitivamente me dedicando para um futuro com alguém.  E não é que ele não queira futuro, não é que ele não mereça, não é que ele é alguém ruim.  Ele simplesmente é.  Eu me sinto paralisada de medo às vezes, não consigo confiar, não consigo acreditar, não consigo relaxar.  Pode ser que seja uma fase.  Toda essa dor já me ensinou tanta coisa, me mostrou tantas questões que às vezes eu esmoreço de tanta coisa que veio, que mexe com a minha cabeça e com o meu sentir.  E eu continuo com ele, amando, me esforçando para não olhar para trás, não mais pensar, falar ou sentir a dor que o passado trouxe.  Ao mesmo tempo parece que vivi um ano de mentira.  Talvez não, para mim foi verdade, eu fui corajosa, fui dedicada, fui verdadeira e só fraquejei quando a dor foi dilacerante e eu não conseguia mais lidar com nada sozinha.  Hoje eu ainda não decidi como vou seguir, se continuo extremamente fiel e dedicada ou se me deixo sentir, experimentar, respirar... Essa crise me trouxe outro, que me afaga, me acalma, me alenta.  Me desafia, me instiga e me irrita.  Quente, ciumento, doce, possessivo, verdadeiro.  Não é perfeito.  Ninguém é.  Mas agora eu quero os dois. Estou presa na matriz da minha dor. Estou me vendo diante um conflito interno muito grande, estou com vontade de fazer exatamente o que me machucou e não consigo deduzir se é vingança, se é carência, se é instinto.  Mas ele me olha e eu queimo. Eu ainda sinto um certo receio do meu, ainda me dói quando ele me olha.  Parece que é uma dor que nunca vai findar. Eu olho para ele, eu lembro o que ele fez. Lembro o que eu passei. Lembro das minhas lágrimas.  Acho que ainda não consegui perdoar, apesar de no fundo eu desejar muito que isso se concretize.  Eu estou tentando me perdoar. Aceitar a realidade nua e crua.  A realidade fria. E seguir.

Não sei. A verdade é que eu ainda sinto, apesar de não desejar mais sentir. Eu trabalho meus sentimentos o tempo inteiro, eu converso muito comigo mesma pra reafirmar que não tem nada a ver comigo, tem a ver com um homem negro machucado, ferido, perdido e abandonado. Eu sei de tudo isso, eu preciso ser maior e reagir. Respirar. Perdoar. Eu estou tentando dia após dia, mas enquanto isso o outro me instiga, me puxa, me alegra, me acalma... E eu fico com o receio de estar traindo também.  Eu tenho o direito? Eu estou errando também? Eu estou no conflito, tentando entender e resistindo ao máximo possível, mas é difícil quando eu não tenho do outro o que eu preciso, a conta dele já tava negativada, não consigo mais deixar passar as faltas, ter paciência.  Eu tive muita paciência já e agora é como se algo dentro de mim não deixasse mais.  Não consigo ignorar mais nada, eu preciso falar tudo o que penso, sinto, desconfio.  Tudo que me incomoda.

Sigo pedindo à Deus para que me ajude a sair desse conflito para conseguir paz. Sigo pedindo para que nos encontremos e reafirmemos o que já construímos juntos.  Mas isso, não depende só de mim...

A verdade é que eu não sei.  Só vivendo um dia após o outro para saber e entender.

G.

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